domingo, agosto 30, 2009

Pedaços teus!...


















…Toca-os com amor como se fossem os mais belos instrumentos musicais. Um dia, ouvirei a tua orquestra!…

sábado, agosto 29, 2009

Conversas com tempo…

…Não é como na agitação e correria do mundo, em que as pessoas se cruzam sem se olharem. Estamos para nos cruzarmos, sentarmos e ficarmos à conversa…

quinta-feira, agosto 27, 2009

Toco…

…E sinto que me envolve a cada instante, como se já não fosse mais possível conseguir separar-me. A cada momento, brinda-me com uma palavra, com um sorriso que chega, e toma conta do meu pensamento e da minha forma de estar. Faz-me sentir pequeno, ao mesmo tempo que me dá força; faz-me chegar para ouvir e estar, mas dá-me também uma ânsia enorme de falar. E nesta comunhão passam a fazer sentido para mim, quer as qualidades, quer as limitações. E tudo se parece tornar, de uma forma tão clara, objecto palpável do nosso caminho que nos leva a saber melhor amar. O mesmo que nos dá a certeza de sermos amados e de o querer anunciar. Hoje sei que quem sente, jamais poderá calar…

sábado, agosto 22, 2009

Saboreando…

…Entregámo-nos ao sabor do tempo. O sol brilhava no céu, vestíamos roupas frescas e confortáveis e sentíamo-nos unidos pela mesma vontade de querer amar e sorrir. Seguíamos em direcção ao nosso primeiro destino. Tinham-me enviado um dia antes uma mensagem a pedir que passasse por lá. Senti nela aquela voz terna que pedia que lá fosse apenas para estar um pouco, para matar saudades, para que pudéssemos, num abraço, tranquilizar o bater forte do coração que surge entre tantos sentimentos e emoções que a partilha e a comunhão nos proporcionam. Fomos recebidos da melhor forma. Numa feição simples, quase tímida, mas também cheia de encantamento e de um brilho cintilante no olhar. Era o brilho que só surge no reencontro. Aquele que me relembrou um olhar simples e desprendido; uma vida ainda curta, mas marcada por uma partilha absoluta de tudo, até talvez do amor e do carinho que tantas vezes necessitamos sentir um pouco só para nós enquanto crescemos. Disse-me que tinha preparado a Eucaristia, que iria cantar o salmo. E assim foi. Sem tirar os olhos do ambão para não se desconcentrar ou rir, ou talvez porque já era suficientemente ousado entregar-se a cantar, permitiu-nos ouvir aquele salmo no carinho enorme de Deus…

…Festejava-se à nossa volta na medida do tamanho das crianças que entretanto conhecemos. Fiz um amigo novo e bonito com um passou bem divertido, roubei um sorriso àquele que era mais rezingão, empurrei a cadeira perra na roda direita da frente que transportava uma outra alma leve e feliz como as restantes que parecia nem sequer se questionar sobre o porquê da sua limitação. O corneto de limão que comemos fazia-nos arrepiar, e ainda relembrei a excelente técnica de sugar o gelado pela parte do fundo de um cone de bolacha e que nos deixa a cara lambuzada e doce. Entre brincadeiras, prometeram ao senhor Padre que se iriam portar bem, enquanto eu pensava que gostava o prometer também, amando assim despreocupadamente…

…Mas a nossa viagem não era para terminar ali. Havia um outro encontro que tínhamos combinado num outro sítio um pouco mais afastado. Um outro que nos viria a falar ao coração. Chegámos como de costume atravessando um grande portão que se abre sem se ver ninguém, estacionámos o carro e dirigimo-nos para a porta principal. Surgiu o primeiro rosto que nos perguntou ao que íamos e que nos dirigiu para um sala onde pudemos aguardar um pouco, e foi enquanto aproveitávamos este momento oferecido para nos pudéssemos preparar, que nos chegou um outro sorridente, aberto e cheio. O rosto que esperávamos. Não a conhecia mas houve algo que nos uniu. A primeira palavra que me dirigiu foi a mesma que tinha escrita na minha t-shirt: serenidade. Sem que eu soubesse, àquele momento seguiram-se outros em que gostei de rever caras conhecidas e foi-nos proposto celebrarmos de novo a Eucaristia. Apenas sorrimos. No espaço em que fomos acolhidos todas se vestem da mesma forma pois todas são igualmente amadas aos olhos de Deus, mas cada uma tem o seu rosto único tal como cada uma é única aos olhos do Senhor. E envoltos, em ambiente de oração, foi-nos proposto viver cada dia de nossa vida, saboreando. Foi-nos proposto que apurássemos cada um dos nossos sentidos para que a possamos viver em plenitude. Nesse final de tarde falámos de sonhos, e em particular daqueles que, quem sabe, nos levarão para fora um dia, para onde possamos espalhar aquilo que nos faz ser profundamente felizes sem precisarmos de mais nada do que os instrumentos que é Ele que nos dá. Em mim, ficaram mais definidos novos contornos de um caminho que quero continuar a seguir…

…Neste dia sorri, provei, olhei, toquei. Maravilhei-me com pormenores, deslumbrei-me com certezas. Abracei. Abracei o presente que é o dia de hoje. Abracei o futuro que podemos tornar o amanhã…

quinta-feira, agosto 20, 2009

Euroframe…

…Ficaram as experiências, mantêm-se as partilhas. Tenho aprendido tantas coisas novas, tenho-me proposto a novos projectos tão bonitos. Sinto que fomos todos escolhidos a dedo por Deus para que Ele mesmo nos tocasse profundamente neste encontro, e dou por mim a render-me aos frutos que vou conseguindo colher e que não podem ser coincidências. Num mesmo encontro pude reencontrar-me com projectos passados que tomam hoje em dia formas concretas, pude rever-me nos meus projectos presentes e avalia-los, pude encher-me de ânimo e de forças para abraçar projectos futuros que são sonhos que mantenho guardados comigo faz tanto tempo. Sinto-me de mãos abertas, pronto a agarrar o céu. Sinto-me de braços abertos, pronto a abraçar. Sinto cheio de sentido este caminho que continua, esta forma de olhar o mundo com os olhos inundados deste Algo que nos faz querer ser muito mais do que simples boas pessoas, mas jovens que teimam fazer a diferença, saboreando a vida com Amor. A cada um dos que foram, a cada um dos que partilham comigo este brilho no olhar, obrigado. Estávamos ainda mais bonitos nestes dias. São as fotos que o comprovam. Se fechar os olhos, consigo sentir ainda o som dos nossos sorrisos, o calor dos nossos gestos. Fiquem com Ele. Paz e Bem…

segunda-feira, agosto 17, 2009

O céu no coração...

…Por todos os jovens que pelos caminhos de Santiago encontram em Deus a sua força e motivação. Por todos os que questionam a sua vocação e sentem no carisma franciscano a forma mais completa de se entregarem a Deus e ao mundo. Oremos…

…Foi com estas palavras que dei a conhecer tudo aquilo que o meu coração estava a sentir. De pé, como que olhando nos olhos de cada um dos jovens que comigo se colocaram nas mãos de Deus em mais uma peregrinação até Santiago de Compostela, senti todo o contentamento e plenitude que nos oferece o Seu aconchego. Repetíamos naqueles dias os passos de Francisco de Assis que, com a sua alegria e simplicidade, se entregava em cada troca de olhar, e contemplava cada paisagem que em seu redor o fazia maravilhar-se com a imensidão de Deus e do Seu amor. E foi esse mesmo amor que nos uniu. Foi essa mesma comunhão que senti em cada Eucaristia, em cada partilha e em cada brincadeira em que juntos nos envolvemos para O celebrar nas nossas vidas. Foi em oração que superamos as dificuldades do caminho. Foi com sorrisos que o percorremos. A chegada a Santiago seguiu-se, para mim, cheia de emoção. Naquele instante, o soar das nossas vozes e das nossas palmas enquanto cantávamos, fizeram-me sentir o segredar da voz de Deus, a certeza de que é Ele que nos confere a verdadeira liberdade, que só é possível com o nosso compromisso. Naquele instante, as lágrimas que deixei rolar eram de profundo agradecimento por tantas oportunidades que Ele nos dá, e por sentir tão certo o Seu amor concretizado em tantos rostos. Eram as lágrimas que me fazem sentir que quero viver a minha vida com coerência e dedicação, que quero escrever eu também as páginas do meu livro de entrega. Os abraços que dei, permitiram-me fazer novos amigos, permitiram-me olha-los para além das suas defesas e sentir a grandeza dos seus sentimentos mais puros. E foi isso que repetimos nos dias que se seguiram. Era possível ouvir Deus sorrir, era possível pegar em cada estrela do céu. Hoje estou de regresso a casa e trago comigo a vontade de O repetir em cada instante. Trago também as dúvidas que Ele me colocou e que sinto que me irão permitir crescer mais ainda, sem o medo que por vezes temos de nos deixar envolver. A nossa entrega completa a Deus poderá ser feita pela nossa ousadia de O queremos seguir, na nossa forma de O fazer sentir pelos nossos gestos. Juntos, poderemos fazer com que o nosso respirar seja um só, mais forte e completo. Poderemos libertarmo-nos com as palavras da alma. Poderemos ser um lápis nas mãos de Deus. Juntos, poderemos continuar a reconstruir a nossa Igreja. Seremos os senhores dos sonhos, seremos promotores de esperança. Sentados sobre inúmeras rochas a ver o pôr-do-sol, em entrega profunda a Deus, colocaram-nos as duas mãos nas nossas cabeças. As palavras que ouvimos foram as mesmas que Jesus nos disse há tantos anos atrás. Demos nestes dias mais um passo no caminho que percorremos juntos, em fraternidade. Temos o céu no coração...

(II European Franciscan Meeting – Santiago 2009)

sexta-feira, agosto 07, 2009

Voltarei sempre para matar saudades…


…E mais uma vez deixo nesta ilha a ternura de olhares cruzados, os sorrisos profundos que não parámos de esboçar. Agradeço a cada um as férias plenas de um amor que só é possível sentir por nos entregarmos inteiramente. Relembro os locais novos que visitámos, os jogos que não parámos de jogar, as partilhas que ficarão para sempre nos nossos corações e que nos permitem manter esta amizade que permanece, mesmo para além do oceano que nos separa. É bom sentir este contentamento que transborda. Parte do meu coração fica sempre ai. Voltarei sempre para recarregar energias e reaprender a sonhar. Voltarei sempre para matar saudades…

quarta-feira, agosto 05, 2009

Pensamentos…

…Se alguma vez escrever um pensamento, não será o meu pensamento que escrevi. Será antes de quem me deu a lucidez e a clareza. Será antes deste algo que me rodeia e me dá forma, me transcende e faz crescer. Será como as aves do céu, ou os golfinhos no mar. Se alguma vez escrever um pensamento, será tanto meu, como teu…

segunda-feira, agosto 03, 2009

Saindo de nós mesmos…

…Com o corpo deitado na areia preta e quente. Cada grão parece contornar cada pormenor daqueles que são os meus contornos físicos com que me expresso. De frente para o mar, sinto-me completamente liberto e solto, como se cada fragmento em meu redor estivesse em sintonia com a minha respiração calma. Como se todo aquele espaço e eu, fossemos um só. A espuma das ondas sobre os meus pés, o vento nos meus cabelos ondulados e desarranjados, o sol massajando cada pedacinho da minha pele…

…Saí de mim mesmo e deixei-me flutuar com os sons. Ao olhar para mim via-me nu, observava o tom da minha pele, os meus pelos mexidos pelo vento e uma feição tranquila de harmonia. De olhos fechados, o meu corpo aquecia-se e envolvia-se. Vi-me levantar e correr até à água. Mergulhava enquanto ela me envolvia naquele embrulho prateado que se desfaz em milhões de pequenas gotas. São os segredos da natureza que nos permitem ajudar a decifrar o interior de nós mesmos e o nosso auto-controle. Os que nos ajudam a ser grandes observando pequenas maravilhas indecifráveis…

sábado, agosto 01, 2009

Enigmas...

…É simultaneamente tão estranho e tão sublime. Alguma vez sentis-Te o cheiro da maresia ou o sabor de uma pedra de sal? Adoro deitar-me molhado numa rocha quente e sentir-me aquecer, enquanto ouço o som das aves e o enrolar das ondas. Fascina-me o contraste do verde intenso das montanhas com o azul profundo do mar. Penso no mistério que é este contacto com o que nos rodeia e que me fascina. Penso nestes sentidos que ao desenvolvermos, nos permitem estabelecer este elo com toda a Tua criação, com todo o mundo que nos ofereces para que o possamos descobrir, para que nos possamos orientar mantendo sempre viva em nós a pureza e a doçura, a ignorância e a simplicidade, até ao dia em que, ao vermos do outro lado, deixaremos de olhar para nós próprios. Que mistério é este que nos torna animados e providos de sentidos? Que limiar é este que supera as reacções químicas e que as transforma em vida? Que segredo é este que faz ver, e pensar, e amar? Este dom que nos deixa envolver e mergulhar, que nos deixa sorrir e chorar, e nem assim nos impede de, ao renunciar de todos os sentidos, os continuarmos a viver na nossa capacidade de sonhar. É que ao sonhar, verei de olhos fechados, sentirei o macio das estrelas, saborearei o fresco de um amanhecer, sentirei o cheiro da tranquilidade e ouvirei a melodia que nos fará ter a certeza de que poderemos ouvir os pensamentos que de outra forma se perderiam nos recantos escuros do universo. Chorarei com o que em mim não me deixa conter de feliz. Sorrirei com aquilo que aparentemente me deixa triste. Viverei aqui, no céu, onde desenrolas a Tua obra. São engraçadas as coisas que, na nossa humanidade, nos podem afastar daquilo que em nós é sopro divino. Não somos nós feitos do mesmo amor com que foram feitos os anjos, com os quais nos aproximamos apenas na entrega e nos sonhos, pois conseguiremos então estar presentes mesmo sem sermos vistos, sentir mesmo sem usar os sentidos, entender a relação e a entrega? Penso na memória e no esquecimento. Penso no que sentimos ao pensar, no que sentimos ao lembrar, no porquê de não sentirmos o sangue correr nas veias ou tudo aquilo que a pele nos separa do mundo exterior. Temos todo o potencial do mundo sendo efemores, temos a eternidade na pureza e somos como bolas de sabão que pairam livres sob o sopro criador de Deus. É simultaneamente tão estranho e tão sublime. Sentimos o coração saltar por um toque, a Tua voz que nos fala baixinho e que nos esclarece grandes dúvidas, conversas que nos aproximam da plenitude. Diz-me, os anjos são feitos de uma matéria ainda mais sólida do que nós? É por isso que conseguem trespassar cada coisa, da mesma forma como nós fazemos com o nevoeiro, sem o magoar?…

(Inspirado em “O enigma e o espelho” de Jostein Gaarder)