quinta-feira, março 25, 2010

Passo a passo…

…Aos poucos, começo a deixar de me ouvir apenas a mim…

terça-feira, março 23, 2010

Tal como és, tal como sou…

…Olho-te, quase envergonhado, e pergunto-me quantas formas, texturas e tamanhos já te dei. Avanço agora mais um passo na tua direcção ao mesmo tempo que tiro as mãos dos bolsos e as coloco sobre a cara. Desculpa-me. Sento-me por um pouco à tua frente abraçando os joelhos contra o peito; não trago absolutamente nada comigo. Ressentes-te também nos tropeções que dou no meu caminho? Hoje consigo perceber melhor as vezes que te ignorei, as vezes em que cheguei mesmo a fingir que não existias. Sabes, só posso mesmo rir-me. É que pensei realmente que podias, se fosse da minha vontade, se eu fizesse um grande esforço, tornar-te mais leve, mais suave ao tacto, ou mesmo mais pequena. E percebo agora o quão ingénuo fui por tê-lo pensado. Posso dizer-te uma coisa? Tu assustas-me tanto. Quando me deparo contigo, encho-me de defesas, finjo-me forte, chego a pensar que sou superior a ti. Mas volto a deparar-me novamente com a incapacidade que me dá não te reconhecer. Não é ignorar-te que resolve, não é deixar-te para trás, não é tentar transformar-te. Sei que foste feita à minha medida. Então, deixarei de andar cabisbaixo, deixarei de me queixar, olharei para ti pelo que és, e chamar-te-ei pelo teu nome. Sim, pelo teu nome: minha Cruz…

…Levanto a cabeça. Reconheço-te até de olhos fechados. Tens o peso adicional que te conferi, tens as marcas que me foram feitas, e magoas. Sim, magoas tanto. Quase que incapacitas. E é por isso que disfarço, que finjo, que ignoro. És muito mais do que as circunstâncias por vezes adversas, és aquilo por que me sinto tentado e perseguido, és tudo o que impregnado em mim, me dificulta seguir a vontade de Quem me ensina, não a abandonar-te, mas a pegar-te. Perceber-te, querer-te, torna-se então o único sentido. Aceitar-te, carregar-te, é agora sem qualquer dúvida a única forma que me permite ser eu próprio. Será esse o esforço que me levará ao verdadeiro amor. E ai sim, só assim, estarei pronto na hora da verdade. Deixarei até de magoar quem de mim se rodeia nos momentos da minha fragilidade, da minha incapacidade do autêntico amor. Tenho tanta sorte, nunca sequer me cheguei a sentir exposto ou humilhado, e escondo-me tantas vezes por trás de uma falsa humildade. O que sei eu do sentido da dor e do sofrimento humano? Levanto-me novamente. Posso agradecer-te teres-me sido confiada? Escorre-me uma lágrima pela cara que limpo assim que a consigo apanhar. Sou amado assim mesmo. E tu fazes parte. Dou mais um passo em tua direcção. Olho-te, respiro fundo, abraço-te…

domingo, março 07, 2010

No silêncio confortável da oração…

…Sorrio enquanto me lembro do mundo lá fora correr apresado. Aqui, em meu redor, acompanha-me neste momento um ambiente calmo de oração. Fazem ambos parte da vida que me ensina, me preenche e completa. Em qualquer dos dois, tento percorrer o caminho que me leva à verdadeira felicidade e salvação. Um e outro; ajudam-me mutuamente a avançar um no outro. Olho em redor enquanto respiro fundo. É bom o silêncio que agora me envolve. Sinto-me hoje muito mais confortável com o que me faz sentir diferente, com o que tantas vezes me tem vindo a pesar. Na simplicidade, no despojamento consciente que nos faz aproximar de Deus, sem pressas, sei que serão sempre transformados em graça todos os momentos de tropeço e de maior dor. Trazem-me um contentamento enorme a Fé e o Amor que sei que me orientam, mesmo nos tempos em que me sento e sinto sem rumo. Mesmo quando quase não acreditamos, continuaremos a ter os motivos para continuarmos agradecidos. Chegará sempre de novo o dia em que voltaremos a cantar ao som das belas melodias que, quando fechamos os olhos, ouvimos ressoar em nós…

(Quinto encontro da Formação de Animadores…)

quinta-feira, março 04, 2010

Um...

…Olho-te
Amo-te
Desejo-te
Perco-te
Chamo-te
E renasces em mim
De mãos dadas
Somos um só
Inseparáveis
Indissolúveis
Um
E tudo faz sentido
Por amor
Completas-me
Chamo-te
Perco-te
Desejo-te
Amo-te

Olho-te…

quarta-feira, março 03, 2010

Onde o limite das nossas forças?

…Que desencontro é este que de mim mesmo me faz sentir perdido? Que caminho tenho eu percorrido, Senhor? Onde me leva toda esta vontade, toda esta entrega espontânea a que tantas vezes me abro com um sorriso sincero, mas que tantas outras me parece mesmo assim tão insuficiente e pequena? Porque não chega Senhor, em tantas situações, nem para demonstrar o amor que tenho? Viverei eu os meus dias tentando apenas disfarçar aquelas que são as minhas limitações? Obrigas-me a escolher-te, eu sei. Levas-me por caminhos que nunca anteriormente tinha pensado percorrer, que não sabia sequer serem possíveis, mas tantas são as vezes que nem força tenho. E então, parece-me difícil sequer manter-me, quanto mais continuar a construir. Onde Senhor, onde o limite das nossas forças? Ao Teu lado sinto a dor da perda de um eu que não pode mais ser reversível. Uma dor que me aproxima interiormente de Ti. Só hoje percebo realmente o porquê do Teu caminho não ser fácil. O significado de entregar a vida por amor. Já não há, de facto, nenhum diferença: o desencontro, o abandono, a dor, têm um só sentido. O Teu sentido. Por cada um, por todos, por mim, em Ti: o Amor…