sábado, junho 12, 2010

Tusca…

…Víamos sentados mais um magnífico pôr-do-sol que nos fazia pensar nunca ter visto nenhum outro que fosse assim tão bonito. Até que ponto permanecem fiéis as imagens visuais que guardamos nas nossas cabeças? Lentamente, o sol desaparecia no horizonte, pintando-o em tons de laranja e vermelho. Não havia uma única onda no mar. Encostado a ti, procurava retratar na minha memória todo o ambiente que nos circundava. Fechava por instantes os olhos, tentando reconstruir tudo o que voltaria a ver quando de novo os abrisse. Éramos, naquele instante, um só com toda a criação. No céu, desenhava aves que dançavam ágeis ao sabor do vento; na relva fresca, colocava os bichos-de-conta que constantemente se tentam desembaraçar; e, em nosso redor, borboletas que esvoaçavam atrapalhadas pela brisa que se começava a levantar…

… O mundo continuava, à nossa frente, no ritmo do qual fazemos parte, mas sem que o pudéssemos efectivamente mudar. Sentíamo-nos também nós imersos, muito mais como participantes passivos do que como espectadores. E quantas são as coisas de que nem nos apercebemos? Aqui e ali, escondem-se os coelhos nas tocas; milhares de espécies de peixes, tentam camuflar-se o melhor que conseguem debaixo do azul do mar; envelhecem as árvores seculares. Há em nosso redor um todo que respira e que se manifesta em nós, fazendo-nos sentir a perfeição e o amor…

…Agradeço hoje contigo e de forma especial, o dom da criação, essa perfeição e esse amor que nos faz sentir e que nos impelem. Quase me assusta poderem escapar-me as imagens visuais que guardo, mas aceito, sorrindo, este ritmo que não poderia ser eu a controlar. Posso, em cada instante repeti-las, procurando-as novamente. Posso voltar a desenhar na minha memória os pequenos fragmentos de harmonia que um dia me levaram, também eles, a construir o que sou. E, de novo, posso colocar no céu, as aves; no mar, os peixes; ou, no meu colo, quentinho, o ronronar daquela criatura meiga que me acompanhou durante dezoito anos da minha vida…

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E ficam as lembranças, quentinhas, para sempre guardadas no coração! Pois tudo o que é de Deus, a Deus retorna! Somos todos, presentes, oferecidos por Deus uns aos outros, para crescermos e evoluirmos, sermos e fazermos seres felizes! Bjinhos, Raquel

11:01 da tarde  

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