segunda-feira, agosto 17, 2009

O céu no coração...

…Por todos os jovens que pelos caminhos de Santiago encontram em Deus a sua força e motivação. Por todos os que questionam a sua vocação e sentem no carisma franciscano a forma mais completa de se entregarem a Deus e ao mundo. Oremos…

…Foi com estas palavras que dei a conhecer tudo aquilo que o meu coração estava a sentir. De pé, como que olhando nos olhos de cada um dos jovens que comigo se colocaram nas mãos de Deus em mais uma peregrinação até Santiago de Compostela, senti todo o contentamento e plenitude que nos oferece o Seu aconchego. Repetíamos naqueles dias os passos de Francisco de Assis que, com a sua alegria e simplicidade, se entregava em cada troca de olhar, e contemplava cada paisagem que em seu redor o fazia maravilhar-se com a imensidão de Deus e do Seu amor. E foi esse mesmo amor que nos uniu. Foi essa mesma comunhão que senti em cada Eucaristia, em cada partilha e em cada brincadeira em que juntos nos envolvemos para O celebrar nas nossas vidas. Foi em oração que superamos as dificuldades do caminho. Foi com sorrisos que o percorremos. A chegada a Santiago seguiu-se, para mim, cheia de emoção. Naquele instante, o soar das nossas vozes e das nossas palmas enquanto cantávamos, fizeram-me sentir o segredar da voz de Deus, a certeza de que é Ele que nos confere a verdadeira liberdade, que só é possível com o nosso compromisso. Naquele instante, as lágrimas que deixei rolar eram de profundo agradecimento por tantas oportunidades que Ele nos dá, e por sentir tão certo o Seu amor concretizado em tantos rostos. Eram as lágrimas que me fazem sentir que quero viver a minha vida com coerência e dedicação, que quero escrever eu também as páginas do meu livro de entrega. Os abraços que dei, permitiram-me fazer novos amigos, permitiram-me olha-los para além das suas defesas e sentir a grandeza dos seus sentimentos mais puros. E foi isso que repetimos nos dias que se seguiram. Era possível ouvir Deus sorrir, era possível pegar em cada estrela do céu. Hoje estou de regresso a casa e trago comigo a vontade de O repetir em cada instante. Trago também as dúvidas que Ele me colocou e que sinto que me irão permitir crescer mais ainda, sem o medo que por vezes temos de nos deixar envolver. A nossa entrega completa a Deus poderá ser feita pela nossa ousadia de O queremos seguir, na nossa forma de O fazer sentir pelos nossos gestos. Juntos, poderemos fazer com que o nosso respirar seja um só, mais forte e completo. Poderemos libertarmo-nos com as palavras da alma. Poderemos ser um lápis nas mãos de Deus. Juntos, poderemos continuar a reconstruir a nossa Igreja. Seremos os senhores dos sonhos, seremos promotores de esperança. Sentados sobre inúmeras rochas a ver o pôr-do-sol, em entrega profunda a Deus, colocaram-nos as duas mãos nas nossas cabeças. As palavras que ouvimos foram as mesmas que Jesus nos disse há tantos anos atrás. Demos nestes dias mais um passo no caminho que percorremos juntos, em fraternidade. Temos o céu no coração...

(II European Franciscan Meeting – Santiago 2009)

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

És grande na forma que tens de te exprimir, de te fazer entender para o mundo, para aqueles que querem ler o teu olhar. Há uma desígnio de Deus para cada um de nós, mas é difícil perceber o caminho. Neste momento tenho a certeza que me irei questionar até ao final da minha vida, mas a decisão tem sempre de ser minha, nossa. Uma certeza que não me deixa: encontrá-lo-ei sempre na cruz para depois o reconhecer como ressuscitado.

MiM

1:05 da tarde  

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