sexta-feira, julho 24, 2009

Os cães, os gatos, e a porta aberta…

…O sorriso, o céu, o sol redondo e forte, o calor, e os pés descalços que ficam empoeirados. Tu vens com a tua saia solta, com o lenço que usas para te apanhar o cabelo, com aquela camisola de alças de gostas de vestir porque é mais fresca. Trazes uma bolsa com montes daquelas coisas que só tu sabes manusear com tanto encanto. Um caderno de notas, um lápis e uma caneta colorida, um postal em branco que num instante consegues encher do sentido da paisagem que nos circunda. Sei que enjoas, mas és como os barcos no mar que têm o seu mastro movendo-se harmoniosamente ao ritmo de cada brisa fresca. A sensibilidade, o carinho, a gargalhada, um corneto de morango e um livro com areia enrolado num pano. No meu carro, tenho caído um pincel velho que não sabes por onde anda. E chegamos abraçados àquela casa de praia iluminada que deixamos de porta aberta. É que lá fora voam os pássaros, correm os cães, se vêem gatos a andar pelo cimo de murros estreitos e a descansar nos telhados. O horizonte estende-se lá à frente e é eternamente longo. De repente, mais uma música na rádio que nos faz dançar, e quando passas encostas-me nas costas o copo gelado da bebida que foste servir. Eu sorrio-te e passo-te a mão pela barriga. Passaram dias, passaram anos e sinto este momento eterno. A única coisa que devemos são dois ovos ao vizinho que ontem fomos pedir para fazer dois ovos estrelados, um com sal e outro sem, e que comemos com uma fatia de pão enquanto desembrulhavas a tela e a metias em cima do cavalete. Começaste desenhar a foto que tinhas encontrado na revista da semana passada em que uma velhinha desdentada dava a mão a um menino de chapéu posto com a pala virada para trás. Olhei para trás, tínhamos um melro pousado na janela…

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

… Um sorriso, uma lágrima, um arrepio, a natureza movimenta-se com os sentimentos. Tudo é simplesmente eterno. São quadros, são telas perfeitas, são textos, são histórias realizadas, por mãos mágicas, mais ou menos experientes, que deixam transparecer histórias de vida simples, bela e feliz. Quantas vezes, destas histórias, destes bocados de vida, guardamos apenas o que é belo o que é eterno aquilo que retrata ser o nosso interior, muitas vezes alterado exteriormente, ou porque nos incomoda, ou porque incomoda os outros, ou então porque não sabemos muito bem como deixar ser, porque é estranho, porque é perfeito e porque não estamos habituados a momentos cem por cento perfeitos, cem por cento felizes e cem por cento eternos. Momentos que ficam eternizados, com aquilo que deixamos ser o nosso coração, o nosso eu, o nosso nós. Para sempre devemos uns aos outros a partilha desta felicidade, para sermos ainda mais felizes.
Não sei se existe coração humano capaz de controlar tanta felicidade…

Paula!

3:17 da tarde  
Blogger Tiago Krug said...

=)

11:19 da tarde  

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