quarta-feira, junho 13, 2007

Pai-Nosso…

…Pai-Nosso que estais no céu…

…Hoje o tema que me propuseram para reflectir coincidiu ser sobre Ti e fez-me bem. Sugeriram-mo na altura em que quis ir mais uma vez ter contigo para conversar…

…Desta vez não levava um sorriso, desculpa. Levava comigo confusões e incertezas. Naqueles dias em que o sentido da vida parece desalinhado; em que parece que tudo é e não é; em que parece que andamos todos em rectas paralelas e que nunca ninguém nos irá conhecer nem perceber completamente. Que nunca ninguém será certo para sempre…

… Nos dias em que não se cuida quem se ama; nos dias em que, na força da juventude, nos sentimos sós…

…O que leva, Senhor, alguém que amamos a não perceber o sentido com que falamos? O que leva, Senhor, alguém entregar-se sem lutar por algo em que acreditamos?...

…São vários os pensamentos que me invadem. Várias as coisas a que me refiro ao mesmo tempo. Ao lerem-se estas linhas, o sentido que lhes será atribuído dependerá de quem as lê, do tempo e do contexto, e nenhum será de facto aquele que na realidade lhes quero dar. Somos tão humanamente assim. É tão difícil entendermo-nos por completo. Pensamos tanto uns pelos outros sem nos olharmos nos olhos. Porque é que parece que cada pessoa vive uma realidade distinta? Porque é que tantas vezes parece que a nossa se torna tão isolada? Como consegues tão bem entender e acalmar todos os corações? Pai-Nosso…

…Sei que não obterei uma resposta definitiva a estas perguntas. Mas nem é isso que quero. Quero sim, aceitar esta nossa condição e vive-la! E sei que seria no fundo tão simples se seguisse apenas as Tuas regras…

…Mas não surgirão estas perguntas das nossas exigências perante quem nos rodeia e perante quem mais gostamos? Pensava que eram legítimas. É quando nos desencontramos uns com os outros que nos questionamos. Será que temos mesmo de exigir mais para nós? Sei que é importante receber, que só assim poderemos continuar sempre a darmo-nos de coração cheio. Mas recebemos todos de tantos lados! Porque é que queremos sempre de um ou outro em concreto? Se não o esperássemos dessa forma viveríamos em maior harmonia com o mundo e deixariam de nos perturbar tanto estas questões…

…Pai-Nosso, queria dar sempre de mim sem nunca esperar nada em troca, para nunca me sentir só. Queria oferecer-me sempre ao mundo, sem esperar reconhecimento. Queria imaginar a minha vida com sentido, sem que fossem incluídos olhares de admiração e de identificação. Queria que me bastassem sempre aqueles que sei que Tu tens por mim…

…É quando nos aproximamos assim de Ti, Senhor, que nos tornamos confiantes como queres que sejamos e vivemos mais para os outros, para Ti e no fundo, para nós mesmos. Acaba por ser sempre essa a origem das respostas, não é? Nesses dias, percebemos que a felicidade mora connosco, que somos livres e que os nossos dias são somente aquilo em que nós os tornamos. Aos poucos, sendo mais como Tu, percebemos a nossa vocação, aquilo que são os teus desígnios para nós e aquilo que nos enche, mas que não é estático. A cada dia, muda como nós mudamos, na nossa história limpa, e a vida toma sentido por si só e embeleza-se com a nossa diversidade. Mas como conseguir conciliar tanta coisa? Basta-nos saber equilibrar as nossas exigências e aceitar que o caminho dos outros não coincide sempre com o nosso?…

…Hoje fiquei a achar que é essa a resposta e que o equilíbrio se atinge no Teu contexto também, pois o que mais me faz ser feliz e realizado é aceitar-Te. É ter a ousadia de querer ser mais como Tu. Uma ousadia que não é pretensão, que foste Tu a pedir-nos…

…E sei que o caminho não é fácil, mas sei também que felizes não são os despreocupados, nem os desinteressados; felizes são os que lutam, os que sonham, os que dão o que são, que têm dúvidas e que partilham…

…Seguindo o que és, deixo-me levar ao sabor dos sentimentos com confiança, tendo a certeza todos os dias que, a história que escrevo é a mais bonita que podia escrever, com o meu passado, o meu presente, e com o que planeio para o meu futuro. Sempre eu, Tu, e os outros, cada um com o seu caminho até Ti, Pai-Nosso…

(Sábado, 3 de Junho de 2007)

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Soberbo.. Por isso é que gosto de passar por aqui...

5:49 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Muito bonito mas acima de tudo muitas verdades... Um beijinho da colega do lado. BU! =)

8:33 da tarde  
Blogger Tiago Krug said...

Soberbo é saber que andam por perto! =)
Obrigado! =)

Bu! =)

2:26 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

… São caminhos, ensinamentos, experiências menos agradáveis que fazem parte desta caminhada. Este trilho que percorremos, nem sempre nos apresenta facilidades. Imagina aquela ribeira que exploramos no outro dia, os saltos que trepamos e que cuidadosamente tivemos que descer para voltar a andar por aquelas estradas que chamamos “normais”, as pedras que se soltaram em virtude de não suportaremos nossos passos, tudo isto se compara com a estrada da vida, muitas vezes injusta, mas Ele em tudo põe um sentido, uma razão de ser.
As mesmas questões passam por mim, muitas vezes, fico no vazio, na falta de uma resposta, vou aprendendo com isso e a cada dia vou confiando mais n’Ele, acabo, depois, por encontrar um sentido, muitas vezes não é o desejado, mas tenho que aceitar, mesmo que possa continuar a achar que não deveria ser assim.
Fomos feitos para o amor, quantas vezes lhe viramos as costas? Quantas vezes queríamos que o amor fosse aquilo que nos desse jeito? Mas Ele… como soube grandiosamente ser o mestre e coordenador deste sentimento.
Caminhemos como sempre, com os nossos olhos, os nossos pés, as nossas mãos e os nossos corações em sintonia com Ele, para amarmo-nos e sermos motivo de amor e alegria.

Paula Sofia!

9:27 da manhã  

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