terça-feira, dezembro 15, 2009

Quando o sentir nos transforma…

…Há dias em que me questiono que caminho me apontam tantos momentos que vivo de forma tão inesquecível. Sucedem-se dia após dia, em diálogos abertos e sinceros, em partilhas que nos dão o conforto em que, ao acolher, nos sentimos acolhidos. Em cada um, surge algo de mágico que nos oferece a abertura mas também o conhecimento de nós mesmos. Descobrimos que temos enraizado o dom precioso que nos faz sentir amados. E é essa a verdadeira experiência que nos transforma. Ao querermos aceita-lo, surgem então as dúvidas próprias de quem não sabe como faze-lo, por ser grande a nossa incapacidade face àquilo que nos surge como pleno e que estranhamos. Por vezes perturbam-nos e incomodam-nos. Chegam a angustiar-nos por nos tocarem verdadeiramente no nosso íntimo, naquilo que somos verdadeiramente retirando quaisquer das máscaras que colocamos nos nossos rostos mais ou menos sorridentes. E ao entregarmo-nos choramos, sentindo-nos invadidos por algo que nos transcende mas que habita também em nós. São os momentos em que afastamos cada um dos planos que nos compõe até chegarmos àquilo que é essencial. Faze-lo é necessário, é construtivo, é reorganizador. E é então que nos surgem as respostas para aquilo que mais procuramos. Não as respostas definitivas que nos trazem a verdadeira sabedoria aplicada nas nossas vidas, mas as respostas temporárias que encontramos e que nos farão continuar a caminhar. Façamo-lo então com segurança. Acreditemos que o nosso caminho é aquele que se constrói e não aquele que se decide num instante único. Saibamo-nos comprometer e deixarmo-nos continuar de mente aberta às novas questões que irão surgir. Façamos de cada momento um acto de Fé. O nosso modelo a seguir não é inalcançável, é antes aquele que se manifesta no Amor, na busca da nossa identidade. Pois é ela que nos trará a felicidade. Não somos seres isentos de projectos pessoais. Somos, cada um se nós, únicos. E é na busca responsabilizada do nosso projecto que alcançaremos a verdade. Enquanto avançamos, sejamos felizes e abracemos os prazeres nos que nos dá a vida: o sorrir, o abraçar, o celebrar, o sentirmo-nos um só com quem comungamos. Se assim o fizermos, olhando com esperança o futuro, cada lágrima será apenas o entendimento. Voltará a rolar pela nossa face apenas nestes momentos de discernimento a que retornamos para que possamos de novo separar cada um dos nossos planos e em que voltamos a analisar as questões que se levantam em nós. O amor supera a nossa lógica humana, deixemo-nos pois invadir. Um dia, ao olhar com novos olhos, voltaremos a sentir o sentido, seremos para sempre transformados…

(Inspirado nas minhas conversas com o Frei Luís)