segunda-feira, abril 06, 2009

Ao som de gaitas de foles…

…E seguiu-se Edimburgo, à distância de outras duas viagens de avião. Coloquei de novo roupas mais quentinhas na mala; estava arrepiado, como quem regressa ao terceiro inverno rigoroso no mesmo ano. Valeu a pena: o frio da cidade foi compensatoriamente substituído pela beleza dos seus edifícios de aspecto medieval, pelas suas igrejas e montanhas. Aqui e ali, um homem de kilt, e por todo o lado, preenchendo os contornos verdes dos montes ou os recantos das ruelas mais apertadas, o som melodioso das gaitas de foles que não paravam de tocar. Nas ruas, marcadas pelo seu ar misterioso, parecem permanecer as feitiçarias de antigamente. Sente-se a forma rude dos hábitos de outrora na cor seca das casas, nas árvores nuas que rasgam o azul do céu com os seus ramos. Os dias de hoje suavizam-na, trazem os autocarros de dois andares, a educação das pessoas que sabem bem acolher, e o chá, a todas as horas. Num instante, ainda dentro da cidade, subimos a mais uma montanha onde brincam crianças que passeiam com os seus pais. Os mais velhos levam livros que folheiam lentamente ou meditam virados para toda a cidade que se estende aos seus pés. Dali de cima, toda ela se entrega, protegida apenas por uma pequena neblina que persiste. Conseguem-se descriminar os táxis pretos que circulam, as cabines telefónicas vermelhas que permanecem vazias, e os corvos voam e saltitam de um lado para o outro. A noite põe-se, os cemitérios preenchem-se de turistas e continua interminável esta tensão da magia que se une ao seu lado obscuro. As flores, os lagos, as ilhas, as focas que por lá vi também e as ruínas que visitei. O passeio de barco, os jantares em locais bonitos, as pessoas todas que conheci de tantos lados: ficarão nas minhas memórias boas de viagens que me fazer manter esta vontade de começar já a pensar na próxima. Fui em trabalho, aprendi e gostei, gostei muito…