terça-feira, novembro 18, 2008

Como?…

…É algo que é tão relativo. Nasce de onde? Vem do nada? Se me deixar levar pelo que sinto, ou talvez pelo que não consigo sentir, se for ao mais fundo de mim procurar exprimir aquilo que tenho enraizado e que eu mesmo não chego a conseguir delimitar, estarei a criar? E se sair de mim e me observar cada vez mais de longe? A cada momento um pouco mais afastado, dando de cada vez um novo passo para trás, ou para a frente, depende de quem mais me estiver a ver também, estarei a criar? A questão é vermo-nos? De longe ou de perto? Eventualmente deveríamos afastarmo-nos e, lá longe, de onde se vê tudo, podíamos avaliar todo o contexto e, de facto, ao juntar um pouco do tudo que temos em nosso redor, criar com aquilo que nós mesmos temos em nós. Mas será que ao afastarmo-nos perdemos depois o conteúdo? E a coerência? Que tipo de coerência será precisa? Ou não será precisa de todo?…

…No outro dia, fui a correr pelo relvado, saltei bem alto. Gosto de olhar o mar, de ouvir o barulho das ondas e ali ficar, talvez até mais tarde o sol se pôr. Não sei bem porque é que gosto de o fazer. Mas gosto. Gosto de ali ficar, de sentir a aragem, de olhar indefinidamente para algo que, embora não possa agarrar, é também meu. É bonito. Sim, é bonito. Ver coisas bonitas inspira-nos e faz-nos encontrar mais sentido para a vida. Porquê? Acho que é porque tudo o que é bonito faz sorrir e depois, porque sorrir aquece o coração. Porquê? Porque se calhar relaxa-nos mais músculos do que se não o fizéssemos e isso por sua vez pode estimular uma melhor capacidade de relativizar e de nos tranquilizarmos. As massagens também relaxam os músculos e têm o mesmo efeito. Se calhar é por isso que as pessoas também gostam de fazer massagens em locais bonitos. Deve acentuar o efeito e o rendimento das mesmas. Por acaso há muito tempo que não me fazem umas massagens, mas no outro dia estive com os meus avós e soube-me bem estar com eles a passar o tempo calmamente e sem pressas. Gosto tanto deles. Acho que a idade é o maravilhoso aliado que nos permite, se quisermos, tornar a nossa vida coerente. É o maravilhoso elixir que nos atenua as decisões menos correctas que às vezes podemos fazer e que, ainda para mais, nos faz conferir-lhes sentido. Será que um dia vou ser velho também? Quero ser bonito de rugas, saber que as pressas não resultam, que fazer muitas coisas em jovem é fonte de vida, e ter, com uma mão pesada, gestos que alguém mais novo não conseguirá fazer…

…Pode ser isso que é preciso. Alguma idade. Se calhar é a idade que o permite fazer. Teremos de a ter? A partir de que altura acontece? E será que existe depois um limite? Ou será algo que mesmo quando não compreendemos, teremos em nós intrínseco? Como um poder especial. Será que ser velho é como olhar para o por do sol e assim, olhar indefinidamente para algo que, embora não possa agarrar, é também meu? Será que é isso? Ai deixará de surgir só porque sim, mas porque sim. Deixará de vir do nada, para vir do tudo. Terá lógica. Aparecerá porque de facto há esse afastamento, mas porque o afastamento somos nós mesmos a olhar para algo que sempre fomos nós. Em qualquer contexto. Será que é isso então? Um dia quero faze-lo. Quero dar sentido. Quero que a minha pele tenha esse cheiro. Como o que entranha a terra e que se espalhar se por acaso chover. Ser história. Sim, ser história. Ser história deverá ser o mais próximo de, criar…

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ola :)
É a primeira vez que venho ao teu blog, gostei imenso, porque tens muito jeito para escrever. Cada post teu é uma experiência nova (pelo q li :P).
Gostei deste ultimo, tentas dar um sentido à vida e nota-se q dás valor às pequenas coisas (tais como o mar).
Pela forma como escreves, vê-se que a vida para ti significa muito, que e um dom que obtém-se e que a tentas viver ao máximo!
Força para continuares :)
Beijinho,
Katia (amiga do Michael)

8:30 da tarde  

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