quinta-feira, abril 12, 2007

O tempo certo…

… Às vezes penso como seria se soubesses tudo o que guardo comigo. Se soubesses todas as surpresas que pensei em fazer-te, as prendas que planeei dar-te, ou se lesses as linhas dos sonhos que não cheguei a escrever. Como seria se soubesses as horas que passei a imaginá-las e em como tas pensei revelar: no tempo certo, aquele que se encontra apenas quando se sente…

…Passeios, brincadeiras, gargalhadas, sorrisos. Num mundo nosso colorido, onde aprendemos juntos a voar. Com o vento na cara a bater, os braços estendidos, o horizonte enorme arredondado, e lá ao fundo, um barco embebido da cor azul do mar…

…Foram tantos pensamentos que não te cheguei a contar. Sabias? E devem ser tantos os que não te cheguei a ouvir pronunciar. Quanto o tempo certo de um, não é o do outro, quando se transforma em tempo desajustado. Foi mais um caminho que era já tão certo para mim, mas que não deu para chegar a percorrer, que não deu para chegarmos a percorrer…

… Será que acontecem com toda a gente estes apontamentos inacabados? Eu ainda penso que sim. Ao menos vão-nos tornando mais bonitos também. Existirão quantos sonhos interrompidos que não deixam de ser sorrisos? Quantas grandes surpresas que não chegaram a ser feitas? Quantos gestos que foram contidos? Quantos olhares que não foram trocados, mas que em nós foram vividos? Será que cabem todos em caixas fechadas?...

… São vezes em que nos chegamos a tocar, mas em que, sem querer, nos desencontramos. Vezes que ao mesmo tempo, tanto duram para sempre, como parecem resistir apenas um instante. Que se tornam eternas e que são nadas. Que são sorrisos profundos que se transformam em lembranças e que acabam aos poucos por ser substituídos por outros tantas vezes menos ousados mas mais certos, mais fáceis e tranquilizantes. Antes existam que não cheguem a existir. Nas vezes em que é o tempo certo que nos faz desencontrar…